domingo, 3 de junho de 2012

Ler não engorda!


“Daqui a cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto por duas coisas: os livros que ler e as pessoas de quem se aproximar”.
(Charles Jones)


Confesso que quando li esta frase passei a refletir melhor minhas atitudes frente à aquisição de conhecimento nos livros que leio e aos relacionamentos que mantenho em minha vida, sejam eles profissionais ou pessoais. Os livros ao serem lidos, escolhemos por afinidade e as pessoas que se aproximam da gente também, mas as atitudes tomadas por elas e por nós são determinantes para sua permanência neste relacionamento.
Ler é algo que sempre fez parte da minha rotina. Aliás, não sei viver sem ler. Quando criança frequentava assiduamente a biblioteca pública do meu bairro. Lia por prazer. Lia pra conhecer. E, não é que muitas das literaturas caíram no vestibular? Foi muito bom reencontrar Cecília Meireles, Machado de Assis, José de Alencar e tantos outros autores, com quem passei minha adolescência e mantenho a amizade até hoje.
Vício, gosto, prazer, dever, não importa se é bula de remédio, bula papal, pichação no muro, outdoor. O que importa é ler. Ler alarga nossos conhecimentos. Bem, isto é o que diz a frase ditada por Charles Jones, no entanto temos tanto lixo nas prateleiras, nos sites, posts diversos com tanta coisa sem sentido, sem contexto e sem significância, que nos tornam meros reprodutores do que o outro disse, ou melhor, repetiu de outrem.
Aprender a ler é uma tarefa que nos acompanha por toda a vida. E o gosto por uma leitura mais apurada e rica, nos é passado realmente pelas pessoas que fazem parte de nosso cotidiano. Os pais que leem perto de seus filhos, o professor que também lê com e para o aluno no momento propício para isso na sala de aula, ao invés de ficar preenchendo livros de chamada. Esse contato direto e prazeroso com os livros constrói um bom leitor, que aos poucos vai apurando sua leitura, selecionando seus hábitos, afinando seu gosto, tornando-o cada vez mais requintado.
O que pensar de muitas escolas, que colocavam, e algumas ainda mantém essa prática absurda de levar as crianças de castigo na biblioteca? Bem, inconscientemente a biblioteca e consequentemente os livros serão vistos como algo ruim. E, o pior este ruim perseverará pela vida de muitos.
Em nosso país percebemos várias iniciativas acerca de fazer deste um país leitor. No entanto, não podemos nos esquecer que essa prática deve vir do lar, do berço, alimentada educação infantil e reafirmada no ensino fundamental, com professores leitores e assíduos nesta tarefa.
Já elenquei esses dados em outra discussão neste blog. Mas vou retomar só pra frisar e sustentar minhas argumentações. A professora Regina Shudo, destaca, com dados do Instituto Pro livro, que os maiores influenciadores da leitura em uma criança são: 1º lugar: A mãe; 2º lugar: A professora; 3º lugar: O pai; 4º lugar: outros. Observando essa pesquisa percebemos o quanto é importante o papel da família e da escola nesta empreitada.
Frente a este cenário traçado por Shudo vale frisar que uma Educação Básica de qualidade deve primar por investimentos na Educação Infantil, na formação de professores, em projetos de leitura e na realização de um trabalho com a família. Enfim, ”livro pra comida, prato pra educação”, como bem destaca Paralamas do Sucesso.

sábado, 2 de junho de 2012

Amo o que faço! Faço o que amo!


O amor e a educação deveriam andar de mãos dadas. Isso mesmo! O amor à profissão deve ser o primeiro passo para abraçar toda e qualquer profissão, em especial a de ser professor/professora. Pois lidar com pessoas diferentes e, muitas vezes sedentas de amor, carinho e atenção não é uma tarefa fácil.
Bem sabemos que o papel da escola é o de ensinar. E, ensinar muito bem. Contribuir com que o saber cotidiano vindo com a criança do seu dia a dia, para que com o encontro com o saber elaborado sistematicamente, seja apreendido de forma que a criança volte para sua casa com sua zona de desenvolvimento ampliada acerca do novo conteúdo que lhe foi apresentado.  
Mesmo com essa função delimitada legalmente, não podemos esquecer que lidamos com vidas. Lidamos com seres humanos. Sujeitos capazes de marcar a história. Portanto, como diz Wallon(1975) afetamos as pessoas que passam por nós. Este afeto pode ser tanto negativo quanto positivo, para tanto precisamos nos perceber enquanto mediadores de conhecimento sim, mais de uma forma agradável, apaixonante, que desperte no outro esse interesse acerca do novo.
Para Zagury (2006, p. 175):

[...] O que leva uma pessoa a ser professor? Afinal, é uma profissão com pouco status, péssimas condições de trabalho (especialmente na rede pública, mas não apenas); remuneração inqualificável, dificuldades e desafios crescentes e até riscos físicos. O que, então, mantém cerca de dois milhões de docentes nas salas de aula? Só pode ser, acredito, a convicção no poder da educação. Há, com certeza, um percentual que permanece porque não teve outras oportunidades, mas não creio que seja a maioria.

Observando essa citação, retirada do livro Professor Refém, percebemos que o amor à profissão pode nos manter crentes de que nossa tarefa oportuniza e, é capaz de mudar vidas e torná-nos cada vez mais responsáveis por cada criança que passa pelas nossas mãos. Pensando neste aspecto, devemos lembrar que o saber cientificamente acumulado pelos homens que deve ser transmitido pela escola, ganha uma nuance mais efetiva e afetiva a fizermos com amor.

REFERÊNCIAS:

WALLON, Henri. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Estampa, 1975.
ZAGURY, Tânia. Professor refém. Rio de Janeiro: Record, 2006.